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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Que nem dor de dente

Ando devagar
Porque já tive hérnia
E isso num é sorriso
É que tá doendo demais

Hoje eu ando bem mais torto
E para quem não sabe
Da minha tristeza
Digo que pouco sei
Do que passei

Tem que ter a manha
Pra de manhã
Levantar da cama
Sem Buscopan

E com tanta dor
Não posso andar
Incomoda até para dirigir
Chamo de viado quem quiser rir

Costas doloridas
De trás para frente
E a dor não passa
Que nem dor de dente

É remédio o dia inteiro
E a dor não acaba
Fisioterapia
E alonga as costas, dor
Vem cá, doutor

Tem que ter a manha
Pra de manhã
Levantar da cama
Sem buscopan

E com tanta dor
Não posso andar
Incomoda até para dirigir
Chamo de viado que quiser rir

Dói durante todo o dia
A gente quase chora
E durante a noite
Pra dormir implora

Se sem dor não há vitória
Com o que eu já sofri
Quero o nobel da paz
E férias em Paris

Tem que ter a manha
Pra de manhã
Levantar da cama
Sem buscopan

E com tanta dor
Não posso andar
Incomoda até para dirigir
Chamo de viado que quiser rir

Se sem dor não há vitória
Com o que eu já sofri
Quero o nobel da paz
E férias em Paris






segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Novatisse

Novatisse. S.f.: define algo realizado de novo pela primeira vez. Consequência de se fazer algo que você não deveria fazer porque já passou da sua época. Só uma palavra que define muita coisa.

Uma das coisas de voltar a minha cidade reveillon (minha cidade natal é Ipatinga, e depois do natal vem o reveillon) foi que, além de reencontrar pessoas das antigas, amigos ou inimigos, família e tudo o mais, é que isso me remete muito aos meus tempos de adolescente (não vou dizer quanto tempo faz, porque isso obviamente vai revelar a minha idade). Aí, um passeio de carro pela cidade vira a verdadeira sessão nostalgia do “Olha aquela escola alí, eu estudei lá na quarta série”, ou “ali que a gente jogava truco depois da aula” e outros casos que eu não posso contar aqui.

 Cada passo me lembra aquela célebre frase “Lá e de volta outra vez!”, Bolseiro, B.. Assim como será o tal do baile de ex-alunos da UFV deste ano, se realmente eu conseguir ir. Talvez seja mais até que o meu próprio, pois é o baile de uma das turmas com que eu mais me relacionei na graduação. A física 2000. Credo, pensem... Físicos, podem pensar... e é verdade, é tenso mesmo, mas digamos que eu não fui dos mais populares do campus.

Os reencontros... ah como o Facebook serve para reencontrar. Relembrar histórias, escutar outros pontos de vista e descobrir que você não era exatamente o mais querido da sua vizinhança. Embora eu discorde. É como se eu tivesse voltado no tempo e vivendo de novo pela primeira vez as histórias do estágio, do Priscão (nossa querida prisão), Cenducacional (entra burro sai animal), do hand, das festinhas... até rock na rua saiu. O tempo em que eu não tinha dinheiro pra sentar no Gambinos, o Tia Biga tinha Skin a um real...

Se é verdade que não podemos saber pra onde vamos sem saber de onde viemos, agora eu sei exatamente pra onde eu quero ir e como eu quero ir... aliás, eles podiam recapear algumas ruas aqui. Se é verdade que ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais eu não sei, mas não são poucos que me param e me perguntam se sou filho de “Zé Aurélio” ou de “Lulu”, os pseudônimos que nunca entendi de JO e TV. “Sou sim”, respondo... às vezes esse orgulho pode se converter em medo de represália, se a resposta do interpelante for: “Ah... Deu aula pra mim!”.

Uma pessoa apenas deveria estar aqui de novo pela primeira vez, e ela não está. Novatisse dela! E eu sinceramente não sei se é daí que vem meu medo de passar pelo porão da rua Louis Ensh, 252. Novatisse minha!


Neologismos chiques são feitos para serem inventados... e são inventados para fazer a gente rir. Então coloquei esse aí pra ver se consigo fazer alguém rir, que seja um pouco, do meu texto. Óbvio que não tenho talento pra inventar uma palavra simples e tão abrangente, mas espero agregar pessoas que inventam, pessoas que falam, que contam. Assim, aprendendo sempre e melhorando sempre, um dia eu espero conseguir... é... me fugiu aqui... Como chama aquela flor com o miolo amarelo e as pétalas brancas? Ah é?! Margarida! Ôooo Margaridaaaa, me traz meu remédio de memória!

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Meus vinte centavos

E não é que vivemos a história nos dias em que a FIFA esteve no Brasil? Não pela copa das confederações em si, pois convenhamos, não vale muito mais que vinte centavos, mas sim pelas manifestações em todo o país durante todo o tempo. Qualquer um que tem um mínimo de vergonha na cara sempre sonhou com este momento, de todo mundo nas ruas entoando palavras de ordem. O estopim de tudo foi o aumento de vinte centavos na passagem de ônibus em sampa. Ainda bem que eu não moro mais lá! Rolou a manifestação lá e de repente tava todo o mundo aderindo no Rio, BH, Springfield... geral! Nem sempre tinha aumento nas passagens, e nem sempre eram vinte centavos, logo, os demais motivos de insatisfação popular vieram a tona! Bom, esta parte todo o mundo sabe, o que a gente nem magina é que vinte centavos é igual c*, cada um tem o seu!

Meus vinte centavos tão mais pelo imposto de renda. É um absurdo pagar tanto imposto para tudo e ainda tenho que pagar imposto sobre o meu trabalho, como se trabalhar fosse como dormir ou comer. Trabalhar é legal e tals, até porque meus chefes podem ler isso um dia, mas não é como ficar o dia inteiro de folga no hotel só escrevendo coisas que estão na minha cabeça a quase duas semanas.

Pros cervejeiros de plantão, os vinte centavos eram os impostos sobre a cerveja e sobre os produtores. Alguns vinte centavos eram para a saída do Leandro Guerreiro, pedindo carro... tudo quanto é coisa. Em Campinas, os vinte centavos eram a tal da cura gay, e este protesto se estendeu até Pelotas. Atacaram a PEC-37, a PEC-33 e até o PACMAN. Pediram a saída do Renan, a saída da Dilma e a saída de praia. Eu sou contra a saída de praia e contra a saída de banco. 

O ápice do movimento foi a votação da PEC-37 na câmara dos deputados. Eu ri demais. Nunca foi tão legal a TV câmara. O desespero dos malandros candidatos a malandro federal era de encher os olhos. Tavam votando umas medidas que travavam a pauta e já se enunciavam contra o projeto de emenda. Como dizia um cartaz da manifestação: " The jiripoca is gonna pew pew!". De tando cagar e andar pro povo o tuim foi pra mão, num é excelências?

Outra coisa que dividiu opiniões foi a quebradeira, arruaça e baderna. De fato, se notavam ambulantes vendendo cerveja nas passeatas, e isto eu achei legítimo, mas não tenho opinião formada sobre aquele mundo de pedra e bomba de gás que voava na linha de frente. É bem verdade que a maioria das revoluções foi feita na base da força, mas acho que não dá pra comparar derrubar o muro de Berlim com por fogo em uma concessionária (caramba, como isso é difícil de escrever!) privada só por que ela tava ali. Bater em polícia é tão errado quanto apanhar de polícia, e escalar o Hulk é uma total covardia contra o povo brasileiro. Também achei bacana, alguns manifestantes derrubando radares no Rio. Chupa seus x-9 do caramba!

O gigante acordou, mas eu tô com um soninho... Vou tirar um cochilo e me acordem pra próxima manifestação! #vemprarua

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Novo menino velho

Ê idade. A seta do tempo. Assim como a entropia num sistema fechado a disgreta só aumenta. Mas eu acho que na minha cabeça, "Você tá velho", "Você envelheceu, hein!?", "É o peso da idade!" não soam tão mal como na cabeça das outras pessoas. Para começar, queria desfazer um paradigma. Não existe esse negócio de "estar velho". Uma vez velho, sempre velho. Então, a partir de um determinado momento você passa a ser velho e não a estar velho. Outra coisa, velhice não é relativo. Eu acho pessoas de 29 anos velhas. Novas são pessoas de 18. Ponto.

Ser velho é bom por vários motivos e como este blog que quase vos fala é dado a argumentações nem sempre triviais, seguimos. Ser velho é bom pois temos desculpas para tudo. Mais ou menos igual quando se é casado. Você pode rejeitar qualquer convite em nome do casamento e da mesma forma em nome da velhice. Nada é pra gente velha e tudo é de gente velha. Eu adotei a seguinte frase para qualquer pergunta que se faça e eu não queira responder: "Gente velha é assim mesmo!". Funciona perfeitamente.

Vez em quando me interpelam: "Cê tá velho, hein...". Apresso-me em responder: "Ora bolas, sou como um bom vinho!". "Ah sei, melhora com a idade?", "Não, tenho 12% de teor alcoólico"! Sabe o que é não estar nem aí pra velhice de uma tal maneira, que ainda fico de barba para parecer mais velho, ou com carinha de 35 e corpinho de 34...

Claro que a gente pensa na saúde, quando lembra da velhice. Até parece que gente velha não tem saúde. Veja bem: Eu tenho uma hérnia de disco que meu irmão de 24 anos (te ajudei, hein Thales, pois bem sabemos que além de você ter 26 ainda é meu irmão mais velho) já teve quando tinha 22. Tenho um joelho podre que me acompanha há 10 anos e um resfriado que peguei no domingo que ao invés de ficar novo na terça tive que tomar sopa de inhame e ficar de cama, além de tomar um remedinho, mas to sarando.

Careca já sou desde os 19, e isto é ponto a favor, pois nesta idade que estou, isto é bastante comum e ninguém mais parece notar. As piadinhas que eu contava nem fazem mais efeito, e ainda me dizem: "Que nada, você nem é tão careca assim!". Essa velhice que eu tenho ainda é bastante legal por um motivo interessante. Você novinho, 19, 20 e poucos anos, tente sair com uma mulher de 40... estranho né. Agora, depois dos 30, você está apto a pegar mulher dos 18 aos 58 sem maiores constrangimentos. E porquê não?

O ponto principal de quando você está velho é as pessoas te chamarem de senhor. O senhor poderia isto, o senhor gostaria daquilo... Olha, se o senhor poderia/gostaria eu não sei. Não sou desses que entende das vontades do senhor, mas eu poderia/gostaria. E como eu gosto de chamar os outros de jovem... não sei se é genético ou algo do gênero, mas garanto que chamando todos de "jovem", posso me manter velho para sempre!


terça-feira, 2 de abril de 2013

Que horas são?

Como sabemos a hora de partir? De desistir? De libertar? Sempre chega a hora, mas como identificá-la? Não é fácil, mas é necessário. Não é como olhar um relógio e dizer "Dez prás sete!". Não é como um despertador que "bipa" quando está na hora de acordar, ou quando não está mas é fim de semana e você pode dormir até mais tarde. Não é como o sino da igreja do lado da minha casa que às seis da manhã em ponto badala no feriado.

A hora da partida, sem ser a de futebol, depende muito de quem e do quê vai partir. Baseado nessa premissa, podemos tentar fazer uma ordem de facilidade de esquecimento/compreensão da despedida/partida/desistência/libertação/datijuca. Em último lugar, os bens materiais. Quem se importa em perder um pé de chinelo, um pente, ou até mesmo aquele carro importado depois de uma capotagem espetacular da qual você sai ileso? Acho que só eu mesmo.

Em seguida, os bichinhos. Tadinhos. São parte da família na maioria das vezes mas mesmo os gatos, que têm várias vidas extras não costumam viver mais que as pessoas da família. A não ser que você o seu bichinho seja um cágado que fique perdido por trinta anos e reapareça (true story, bro). Então deste ponto de vista é mais fácil dizer adeus a um animalzinho de estimação do que a um ente.

Classificar parentes já é mais complicado. Tem sempre aquele primo que se dá melhor, uma tia mais querida, um afilhado ou sobrinho de terceiro grau que foi criado como filho. Então essa classificação vai ficar por conta de cada um da maneira que enxerga as coisas.  No final das contas, quando é preciso, nos despedimos. Dizemos adeus ou até logo. Dizemos sofrido, aliviado, esperançoso na volta ou na chegada. Dizemos sentido ou por dizer. Dizemos adeus, dizemos tchau, dizemos até... Dizemos pensado e dizemos de repente.


"De Repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente."

Adeus!